As feridas, independentemente de suas causas, desencadeiam um processo complexo de cicatrização, visando restaurar o tecido danificado. Isso envolve divisão celular, formação de novos vasos sanguíneos e colágeno, essenciais para a regeneração do tecido epitelial. Fatores intrínsecos e extrínsecos podem interferir nesse processo, levando a feridas crônicas, como úlceras por pressão. A profundidade
da ferida, determinada pela gravidade e estado de saúde do indivíduo, influencia o processo de cicatrização. Feridas superficiais cicatrizam sem deixar marcas, enquanto feridas mais profundas resultam em cicatrizes visíveis. Independentemente da profundidade, a cicatrização envolve três processos químicos:
Fase Inflamatória: Esta é a primeira fase, onde ocorre a resposta inicial do corpo à lesão. Os vasos sanguíneos se contraem para reduzir o sangramento, e então os glóbulos brancos migram para a área para combater possíveis infecções. Isso resulta em inflamação, vermelhidão, inchaço e dor.
Fase Proliferativa: Nesta fase, as células começam a reconstruir o tecido danificado. Fibroblastos produzem colágeno, que é a principal proteína na formação de cicatrizes. Novos vasos sanguíneos também são formados para fornecer nutrientes e oxigênio ao tecido em crescimento. A ferida começa a se contrair à medida que as células ao redor da borda se multiplicam para fechá-la.
Fase de Maturação: Esta é a fase final, onde o tecido cicatricial se fortalece e se reorganiza. O colágeno é remodelado e realinhado para aumentar a resistência da cicatriz. A ferida fecha completamente e a cor da cicatriz geralmente se torna mais parecida com a da pele ao redor. Esta fase pode levar meses ou até anos para ser concluída, dependendo da gravidade da lesão. Para úlceras por pressão, essas fases podem ser afetadas pela pressão contínua sobre a área afetada, o que pode retardar a cicatrização e aumentar o risco de complicações.
Entre esses fatores, destacam-se o estado geral e nutricional do indivíduo, idade avançada, presença de doenças crônicas, condição do sistema imunológico, níveis de estresse e ansiedade relacionados à lesão, bem como a mobilidade comprometida e as dificuldades em realizar as atividades diárias. Esses elementos podem influenciar significativamente o processo de cicatrização e aumentar o risco de desenvolvimento de novas feridas e retardamento na cicatrização.
Com relação a fatores externos que influenciam a cicatrização podemos incluir umidade, temperatura, oxigenação, pH e colonização microbiana.
Descobertas recentes revelaram que a contaminação de feridas geralmente se origina de áreas adjacentes à lesão, exigindo que o tratamento se concentre na redução dessa exposição. Partículas resultantes dos processos de tratamento e cicatrização, como descamação ou fibras de curativos, prolongam a fase inflamatória, atuando como corpos estranhos no local e podendo inibir a formação de tecido de granulação.
A fotobiomodulação é uma técnica terapêutica que utiliza luz de baixa intensidade para estimular processos biológicos no corpo. Quando aplicada em úlceras por pressão crônicas, essa terapia tem demonstrado benefícios importantes no processo cicatricial. Existem duas técnicas principais para este caso: o método sistêmico, onde a luz penetra através da artéria radial na corrente sanguínea, é absorvida pelas mitocôndrias das células, estimulando a produção de adenosina trifosfato (ATP) que facilita e melhora o os processos de reparo celular e regeneração tecidual, e a técnica pontual, que direciona a luz para a úlcera, reduzindo a inflamação e melhorando a microcirculação sanguínea, acelerando a cicatrização.
A fotobiomodulação emerge como uma abordagem segura e eficaz no tratamento das úlceras por pressão crônicas, impulsionando uma notável melhoria na qualidade de vida dos pacientes. Quando combinada com a aromaterapia, essa eficácia é potencializada, promovendo resultados mais rápidos e impactantes.
QUÍMICA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS
O desequilíbrio inflamatório nestas feridas é um fator crucial que retarda a cicatrização, e é aqui que entram os óleos essenciais. Segundo especialistas no livro "Aroma Dermatologia" da Editora Lazlo, alguns óleos essenciais são recomendados para controlar a inflamação, como milefólio (Achillea millefolium), camomila azul (Matricaria recutita), lavanda francesa (Lavandula angustifolia), tea tree (Melaleuca alternifólia), palmarosa (Cymbopogon Martini) e Patchouli (Posostemon cablin).
Destacamos o óleo essencial de Camomila Azul (Matricaria recutita), reconhecido por sua composição química rica em sesquiterpenol e α-bisabolol. Estes componentes são celebrados por sua capacidade comprovada de estimular a regeneração celular, acelerar a cicatrização de feridas e fortalecer a integridade dos tecidos.
Ao incorporar esse poderoso elixir botânico nos tratamentos de úlcera de pressão, não apenas estamos aproveitando a sabedoria ancestral da natureza, mas também oferecendo aos interagentes, uma abordagem holística e eficaz para sua recuperação. O α-bisabolol é especialmente recomendado por suas propriedades cicatrizantes e sua capacidade de manter a saúde do tecido. Além disso, o α-terpineol também demonstra atividades cicatrizantes.
Em casos onde as feridas não desenvolvem tecido de granulação, outros óleos com propriedades semelhantes podem ser incluídos, como mirra (Commiphora myrrha), palmarosa (Cymbopogon martini), olíbano (Boswellia carteri), lavanda francesa (Lavandula angustifolia) e sândalo indiano (Santalum álbum).
O gel de Aloe Vera oferece uma rica fonte de mucopolissacarídeos (beta-glucanos), minerais, oligoelementos e vitaminas, tornando-se um aliado valioso para aprimorar o processo de cicatrização de úlceras por pressão crônica.
Sua formulação natural pode ser aplicado diretamente na pele afetada, promovendo higiene e proteção contra fatores adversos. Suas características hidratantes e emolientes, além de ser um excelente umectante e reparador de proteínas, facilitam a absorção de outros produtos. Ademais, sua composição rica em enzimas, aminoácidos, vitaminas e minerais fundamentais não apenas auxilia na cicatrização, mas também combate microorganismos prejudiciais e estimula a síntese de colágeno.
Para concluir, é importante citar Shirley Price, autora do livro "Aromaterapia e Emoções", que discute os efeitos prejudiciais do estresse prolongado e doenças no enfraquecimento do sistema imunológico. Isso pode dificultar a recuperação do indivíduo e predispor o corpo a outras doenças.
Em situações de estresse, depressão ou emoções negativas, a comunicação entre o sistema imunológico e o corpo pode ser comprometida, tornando-o mais vulnerável a infecções. Nossos pensamentos e emoções desempenham um papel crucial na determinação da nossa saúde. Além disso, a terapia holística através da aromaterapia é uma ferramenta valiosa que interrompe o ciclo de adoecimento melhorando as condições crônicas e fornecendo o equilíbrio emocional necessário para fortalecer o sistema imunológico, quebrando o processo de adoecimento e melhorando condições crônicas.
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